quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Aparições de Nossa Senhora de Lourdes

 
«Abriu-se o Templo de Deus no céu» (Ap. 11, 19); o véu da fé rasgou-se e deixou-nos passar, a fim de vermos o céu, o que se passa lá em cima, a sua glória e perene juventude, a sua força e o seu poder. Isto é Lourdes: a porta do céu que se entreabre.                                                                     

 Quando a ciência médica e cirúrgica pensava ter atingido o zênite de progresso, a Virgem Santíssima valia àqueles que os médicos desenganavam. Quando a ciência racionalista se ria do sobrenatural e tinha como infantis os Vaticanistas que aceitavam a palavra infalível do «ultrapassado» Pontífice, que a 8 de dezembro de 1854 definira solenemente a Imaculada Conceição, a muralha do sobrenatural deu passagem a Maria e ela apareceu no Sul da França a uma menina do campo, e disse-lhe também: 

«Sou a Imaculada Conceição».




De 11 de fevereiro a 10 de julho, a bem-aventurada Virgem Imaculada dignou-se transmitir uma missão durante 18 aparições:
Santa Bernadette Soubirous


 1ª aparição - 11 de fevereiro. Na manhã dessa quinta-feira, as duas irmãs Bernadette e Antonieta, e uma amiga Joana Abadie, procuravam lenha junto à gruta de Massabielle, nas margens do rio Gave. As duas pequenas saltam sem dificuldade um regato. Bernadette descalça-se para meter os pés na água e passar ao outro lado.                                                                                        Entretanto - escreve ela - «vi numa cavidade do rochedo uma moita, uma só, que se agitava como se houvesse muito vento. Quase ao mesmo tempo saiu do interior da gruta uma nuvem dourada, e logo a seguir uma Senhora nova e bela, bela mais que todas as criaturas, como eu nunca tinha visto nenhuma. Veio pôr-se à entrada da concavidade, por cima do tufo de mato.                        Logo olhou para mim, sorriu-me e fez-me sinal para que me aproximasse, como o faria minha mãe. Tinha-me passado o medo, mas parecia-me que não sabia onde estava. Esfreguei os olhos, fechei-os, tornei-os a abrir; mas a Senhora estava lá sempre, continuando a sorrir e fazendo-me compreender que eu não estava enganada.                                                                                      Sem saber o que fazia, tomei o terço e ajoelhei-me. A Senhora aprovou com um sinal de cabeça e passou para os seus dedos um rosário que trazia no braço direito. Quando quis começar a rezar e erguer a mão à testa, o meu braço ficou imóvel, como que paralisado. Só depois de a Senhora fazer o sinal da cruz é que eu o pude fazer também. A Senhora deixavame rezar sozinha. Ela apenas passava as contas pelos dedos, sem falar. Só no fim de cada mistério dizia comigo: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.     Quando acabou a reza, a Senhora voltou a entrar do interior do rochedo e a nuvem de ouro desapareceu com Ela».                              A quem lhe perguntava como era a Senhora, Bernadette fazia esta descrição: «Tem as feições duma donzela de 16 ou 17 anos. Um vestido branco cingido com faixa azul até aos pés. Traz na cabeça véu igualmente branco, que mal deixa ver os cabelos, caindo-lhe pelas costas. Vem descalça, mas as últimas dobras do vestido encobrem-lhe um pouco os pés. Na ponta de cada um sobressai uma rosa dourada. Do braço direito pende um rosário de contas brancas encadeadas em ouro, brilhante como as duas rosas dos pés».                                                                                                    «Abriu-se o Templo de Deus no céu» (Ap. 11, 19); o véu da fé rasgou-se e deixou-nos passar, a fim de vermos o céu, o que se passa lá em cima, a sua glória e perene juventude, a sua força e o seu poder. Isto é Lourdes: a porta do céu que se entreabre. Quando a ciência médica e cirúrgica pensava ter atingido o zênite de progresso, a Virgem Santíssima valia àqueles que os médicos desenganavam. Quando a ciência racionalista se ria do sobrenatural e tinha como infantis os Vaticanistas que aceitavam a palavra infalível do «ultrapassado» Pontífice, que a 8 de dezembro de 1854 definira solenemente a Imaculada Conceição, a muralha do sobrenatural deu passagem a Maria e ela apareceu no Sul da França a uma menina do campo, e disse-lhe também: «Sou a Imaculada Conceição». 
 2ª aparição - 14 de fevereiro. Tudo, mais ou menos, como na primeira. Temendo que fosse alguma alma do outro mundo, como lhe tinham dito, Bernadette asperge o penedo com água benta.    «Ela não se zanga» diz a pequena com satisfação.                      «Pelo contrário, sorri para todos nós». Nestas duas primeiras aparições, Nossa Senhora nada disse, além de rezar os Glórias dos mistérios.
3ª aparição - 18 de fevereiro. A celestial aparição pergunta delicadamente à menina: «Queres fazer-me o favor de vir aqui durante 15 dias?» - «Assim o prometo» - respondi. «Também eu prometo fazer-te feliz, não neste, mas no outro mundo». 
4ª aparição - 19 de fevereiro. Enquanto a vidente rezava, uma multidão de vozes sinistras, que pareciam sair das cavernas da terra, cruzaram-se e entrechocaram-se, como os clamores duma multidão em desordem. Uma dessas vozes, que dominava as outras, gritava em tom estridente, raivoso, para a pastorinha: Foge! Foge daqui! Nossa Senhora ergueu a cabeça, franziu ligeiramente a fronte e logo aquelas vozes fugiram em debandada.
5ª aparição - 20 de fevereiro. Nossa Senhora ensinou pacientemente, palavra por palavra, uma oração só para Bernadette, que ela devia repetir todos os dias.                                                   
6ª aparição - 21 de fevereiro. «A Senhora - escreve a vidente - desviou durante um instante de mim o seu olhar, que alongou por cima da minha cabeça. Quando voltou a fixá-lo em mim, perguntei-lhe o que é que a entristecia e Ela respondeu-me: «Reza pelos pecadores, pelo mundo tão revolto.»                                                  
7ª aparição - 23 de fevereiro. A Vidente, caminhando de joelhos e beijando o chão, vai do lugar onde se encontrava até à gruta. Nossa Senhora comunica-lhe um segredo que a ninguém podia revelar.                                            
8ª aparição - 24 de fevereiro. A Santíssima Virgem disse estas palavras: «Reza a Deus pelos pecadores! Penitência! Penitência! Penitência! Beija a terra em penitência pela conversão dos pecadores!»                                                                                        
9ª aparição - 25 de fevereiro «A Senhora disse-me: «Vai beber à fonte e lavar-te nela.» Não vendo ali fonte alguma, eu ia ao rio Gave beber. Ela disse-me que não era ali. Fez-me sinal com o dedo mostrando-me o sítio da fonte. Para lá me dirigi. Vi apenas um pouco de lama. Meti a mão e não pude apanhar água. Escavei e saiu água mais suja. Tirei-a três vezes. À quarta já pude beber». Era a água milagrosa que tantos prodígios tem realizado. Nossa Senhora mandou-lhe ainda fazer esta penitência pelos pecadores: «Come daquela erva que ali está!» Quando troçavam da pequena por tão estranha ordem, respondia: - «Mas vocês também não comem salada!?»                                                                                          
10ª e 11ª aparições - 27 e 28 de fevereiro. Na primeira destas visitas, a Virgem Imaculada tornou a mandar beijar o chão em penitência pelos pecadores; na segunda sorriu e não respondeu quando a Vidente lhe perguntou o nome.                                        
12ª aparição - 1º de março. A Aparição manda a Bernadette rezar o terço pelas suas contas e não pelas duma companheira, Paulina Sans, que lhe tinha pedido para usar as suas.                                 
13ª aparição - 2 de março. A Virgem pede: «Vai dizer aos sacerdotes que tragam o povo aqui em procissão e que me construam uma capela.»                                                                  
14ª aparição - 3 de março. A Senhora não aparece à hora habitual, mas sim ao entradecer e deu explicação. «Não me viste esta manhã porque havia pessoas que desejavam examinar o que fazias enquanto eu estava presente. Mas elas eram indignas. Tinham passado a noite na gruta, profanando-a.»                                 
15ª aparição - 4 de março. No segundo mistério do primeiro terço, Bernadette começa a ver Nossa Senhora. Acabou esse terço e rezou outros dois, refletindo ora alegria, ora tristeza. Durante esta quinzena, Nossa Senhora comunicou à menina três segredos e uma oração com esta ordem: «Proíbo-te de dizer isto, seja a quem for.»   16ª aparição - 25 de março. Na manhã da festa da Anunciação dirigiu-se para a gruta a privilegiada menina. «Peguei no terço - escreve ela - Enquanto rezava, assaltava-me teimosamente o desejo de lhe pedir que dissesse o seu nome. Receava, porém, ser importuna com uma pergunta que já tinha ficado sem resposta mais de uma vez... Num impulso, que não me foi possível conter, as palavras saíram me boca... - Senhora, quereis ter a bondade de me dizer quem sois? A única resposta foi uma saudação de cabeça, acompanhada dum sorriso. Nova tentativa, seguida de idêntica resposta. A terceira vez que lhe perguntei, tomou um ar grave e humilde. Em seguida, juntou as mãos, ergueu-as... olhou para o céu... depois separando lentamente as mãos e inclinando-as para mim, deixando tremer um pouco voz, disse-me: «Eu sou a Imaculada Conceição.»                                                                      
17ª aparição - 7 de abril. Nossa Senhora nada disse, mas verificou-se nesta aparição o chamado milagre da vela. A vela benta, que Bernadette segurava, escorregou-lhe pela mão atingindo-lhe os dedos. - Meu Deus, ela queima-se! - gritam várias pessoas. - Deixem-na estar! ordena o Dr. Dozous. Bernadette não se queimou. 
18ª aparição - 16 de julho. Como é festa de Nossa Senhora do Carmo, a Vidente assiste à missa e comunga na igreja. À tarde sente que Deus a chama para a gruta, mas não pode aproximar-se devido à sebe, e aos soldados que, por malvada ordem do governo, cercam o recinto. A menina contempla a Senhora, de além do rio e da sebe. «Não via o rio, nem as tábuas - explicará ela mais tarde. Parecia-me que entre mim e a Senhora, não havia mais distância que nas outras vezes. Só a via a Ela. Nunca a vi tão bela» Foi o último adeus da Senhora até ao céu. Desde 1858 até hoje, contínuas multidões se têm reunido em Lourdes, às vezes presididas por papas ou seus legados, e muito mais freqüentemente por bispos e cardeais. Os milagres de curas são estudados com todo o rigor e só reconhecidos quando de todo certos. Mais numerosas são as curas de almas, embora mais difíceis de contar. Como vimos, Nossa Senhora pediu a Bernadette que se dirigisse aos sacerdotes e lhes dissesse que levantassem uma capela no lugar das aparições. - «Uma capela!», comentou um sacerdote a quem foi comunicado o pedido. «Tens tu dinheiro para erguê-la?» - «Não tenho», disse com muita naturalidade a Vidente. - "Pois nós também não. Diz a essa Senhora que to dê". Maria Imaculada deu mais que dinheiro. Abriu-se o céu, choveram e continuam a chover ainda agora os seus tesouros. «O dedo de Deus» está em Lourdes há mais de cem anos. Quanto ao caráter sobrenatural das Aparições, indicamos alguns pensamentos que deveriam ser cotejados com os fatos decorridos: Bernadette estava de perfeita boa fé ao relatar as manifestações recebidas, e, sendo a menos nervosa das meninas, não foi vítima de exaltação entusiasta. O caráter sobrenatural deduz-se da atitude que prudentemente assumiu a hierarquia da Igreja: o pároco, o bispo e tantos outros prelados e mesmo os vários Papas. E tenha-se presente que o estudo dos pretenso milagres se faz em Lourdes por uma comissão médica que trabalha com máxima seriedade. Qual é a mensagem que se depreende das 18 aparições de Lourdes? «O elemento principal - responde Laurentin, grande teólogo da Virgem - é a manifestação de Maria na sua Imaculada Conceição... O resto é função deste primeiro elemento e pode também resumir-se numa palavra: em contraste com a Virgem sem mancha, o pecado... Mas, inimiga do pecado, Ela é também amiga dos pecadores, não enquanto estão ligados às suas faltas ou se gloriam delas, mas enquanto se vêem esmagados pelo sofrimentos físicos e morais, conseqüência do pecado. Reduzida à sua expressão mais simples, poderíamos sintetizar desta forma a mensagem de Lourdes: A Virgem sem pecado, que vem socorrer os pecadores. E para isso propõe três meios: a fonte de águas vivas, oração, a penitência».

 Texto extraído e adaptado de: Leite, José (Org.). Santos de cada dia. 3.ed. Vol. I. Braga: Editorial A.O., 1993. p.206-210.

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